Ana Borges é artista maranhense que desenvolve projetos de
arte em São Luís desde a década de 80 e realizou sua primeira individual em
1990. Além de várias individuais e coletivas, a artista possui experiência na
área de Arte–educação e de Gestão pública, tendo trabalhado com Arte–terapia
por quatro anos no Hospital Sarah e na direção do Centro de Arte Japiaçu. Nessa
coleção, ela trabalha os rituais da cultura popular maranhense, representados
pelo Tambor de Crioula, Patrimônio Cultural Brasileiro.
Quando nos apresentamos ao mundo com uma determinada
identidade, fazemos isso escolhendo rituais próprios. Esses rituais nos
identificam e através deles nos tornamos reconhecíveis na medida em que o meio
permite. Representar a dança do Tambor de Crioula significa homenagear todo o
povo do Maranhão, pois o indivíduo encontra nas tradições, meios para a sua
afirmação social e para o povo maranhense, dançar para São Benedito, é afirmar
a sua identidade.
Coleção Toada para
São Benedito:
As três telas estão compostas em um grupo que representa a
roda do Tambor de Crioula, onde estão presentes as saias, o tambor, o clarão
avermelhado da fogueira e as coreiras que disputam o olhar do coreiro. São imagens que observam e se fazem observar por
suas cores e pela dimensão de suas formas, impondo a presença da Cultura
maranhense.
1-Roda de Tambor:
Na roda as mulheres
se posicionam para entrar em cena e disputar o centro das atenções. Luz e
sombra se misturam gerando imagens prováveis. Bem e mal, vida e morte, guerra e
paz, amor e ódio, presença e ausência se misturam evidenciando a eterna disputa
do ser humano.
2- Saia
na fogueira:
A fogueira observa de longe e também quer
dançar. Projeta-se no movimento das saias e reflete nosso olhar extasiado
diante da roda que prende a
nossa atenção. As
cores se multiplicam...
E assim as rodas se
mantêm eternamente, pois sempre estamos prontos para retomar esse interminável
ritual.
3- Presença da saia:
A saia roda impondo
sua presença. Pensamos ver coisas e nos deixamos embriagar pela overdose de
movimentos e sons que giram nos fazendo duvidar dos limites entre a presença do
outro e a nossa própria. Observando o movimento desejamos também mover-nos em
frente à roda e ao tambor. É o ritual da reverência. Cultuamos o santo, o
tambor, o coreiro, a sensualidade das coreiras e a raça negra.
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